sexta-feira, março 14, 2008

Se o ridículo matasse

. 1 - O douto secretário-geral da Fenprof, um tal Mário Nogueira, conseguiu organizar a maior manifestação de sempre dos professores.
.2 – O douto secretário-geral da Fenprof sabe tudo sobre o ensino actual.
. 3 – Esquece-se sempre de dizer que há 18 anos, repito 18 anos, que não põe os pés numa sala de aulas, não enfrenta os alunos nem fala com os pais. Tudo isto graças a um sistema sindical que, e gostava se saber quanto, custa uns milhões de euros anuais aos erário público. Para o qual contribuo…
. 3 – A manifestação a que aludo no primeiro ponto foi um sucesso. Ora capitalizar um sucesso é tarefa que exige inteligência. Coisa que Mário Nogueira não possui. É natural, já que a dita necessita de ser exercitada, coisa que o rapazola não faz há 18 anos. Mas rentabilizar um enorme sucesso é algo que só está ao alcance de alguns eleitos. Infelizmente, no actual panorama do sindicalismo português não vejo ninguém com capacidade para tal.
. 4 – Posto isto, Mário Nogueira, inebriado com o perfume das bifanas comidas sábado à tarde em Lisboa, garantiu que “ se não houver um recuo até sexta-feira [hoje] serão desencadeadas novas formas de protesto”.
O Nogueira foi mesmo mais longe a atingiu as raias do ridículo, quando disse que este prazo “é a última oportunidade” dada à ministra “para provar se merece ou não estar à frente do Ministério”, ainda que tenha sido peremptório: “Na nossa opinião não merece”.
. 4 – Mário Nogueira vive num mundo ficcional. A culpa não é dele, mas dos professores que se deixaram arrastar para uma guerra antecipadamente perdida. Porque Maria de Lourdes Rodrigues, goste-se ou não da senhora (acho-a de uma inabilidade política surpreendente) vai continuar em funções.
. 5 – Já agora: bem ou mal, o Governo foi eleito por todos. Não me recordo de ter votado em Mário Nogueira para nada. Nem sequer para administrador do condomínio…

quarta-feira, março 12, 2008

Socorro!!!!

Orlando (Soares) Gaspar anunciou a recandidatura à concelhia do PS/Porto.

Docente dixit (*)

"Estou a meio da carreira e ando preocupada porque isto não está a correr como deveria de ser!"...
(*) depoimento recolhido pela SIC

Nem de propósito

Manchete do PÚBLICO de segunda-feira:
"Zapatero ganha em Espanha enquanto Rajoy reforça oposição"
Ora acontece que o PSOE ganhou cinco deputados, o que se repetiu com o PP.
Será que os editores de tão prestigiado matutino ensandeceram, ou o "talento" do director é assim tão determinante?

Apesar destas manipulações e outras tantas calinadas, tão frequentes que já enojam, aqui fica o texto de um fundador sobre os 18 anos do jornal, neste caso de Vicente Jorge Silva.

Começo por confessar que hesitei muito antes de escrever este texto, ainda por cima numa semana em que a actualidade nacional (a criminalidade violenta ou o movimento dos professores) e internacional (as primárias americanas de terça-feira) ofereciam ampla matéria para comentário. Mas acabei por decidir fazê-lo por duas razões essenciais: a primeira é que se trata de um tema que tem a ver comigo e não posso ignorar; a segunda é que a minha opinião sobre os acontecimentos da semana será sempre, apenas, uma opinião entre outras opiniões. Este é o testemunho pessoal – e, nessa medida, único – de alguém que protagonizou uma aventura que, há dezoito anos, mudou o panorama do jornalismo diário português. Mas há um motivo adicional: não posso ficar indiferente quando uma história na qual participei é contada de forma distorcida – pelo menos aos meus olhos – e que, para conveniência dos seus actuais protagonistas, surge exposta de modo linear, pacífico, sem descontinuidades ou conflitos, quando ela é efectivamente descontínua, dramática e de rupturas (embora não assumidas) ao longo do tempo. Não se pode disfarçar o que é indisfarçável e pactuar com a hipocrisia ou o cinismo dos que pretendem rasurar o passado daquilo que não encaixa na sua interpretação falsamente beatífica das coisas.

O Público decidiu celebrar a sua chegada à idade simbólica da maioridade com a publicação nostálgica de uma edição que nunca chegou às bancas, a 2 Janeiro de 1990, à qual que se seguiu um caderno especial comemorativo dos 18 anos que entretanto decorreram e das mudanças que, nesse período, abalaram o mundo. No texto de apresentação desse caderno, José Manuel Fernandes cita simpaticamente passagens do editorial que escrevi para o número 0 do Público, onde eu me interrogava com algum pessimismo sobre a euforia democrática que se seguiu à queda do muro de Berlim e lembrava ‘velhos fantasmas’ que entretanto ameaçavam regressar: ‘Um nacionalismo que evoca antigos pesadelos’ e a ‘crispação chauvinista e religiosa’. Eu temia, então, que a década da democracia – recorda ainda Fernandes – viesse a ser ‘apenas uma miragem do fim do milénio’.

Estas citações de que parte o actual director do Público são elucidativas a mais de um título: porque ele as integra numa visão pretensamente consensual das mudanças ocorridas nestes dezoito anos e porque escamoteia, num editorial comemorativo, a própria memória e os acidentes de percurso da história do jornal ou a ruptura que se foi progressivamente desenhando entre o Público dos seis primeiros anos – de que fui director – e o Público que hoje existe.

Fernandes faz de conta que entre o princípio e o fim provisório desta história terá havido uma linha editorial essencialmente coerente com o espírito original do jornal. Por outras palavras: simula que a memória não existe, nem sequer a dos leitores que, tendo acompanhado o Público desde os primeiros tempos, puderam constatar não apenas as suas radicais metamorfoses gráficas e estruturais como, sobretudo, o alinhamento ostensivo das posições editoriais mais influentes – as do director, obviamente – com uma cruzada ideológica de matriz neoconservadora, que levou, entre outras coisas, à legitimação das políticas da actual Administração republicana e da intervenção no Iraque.
Nem de propósito, o editorial de José Manuel Fernandes da passada quinta-feira tinha o seguinte título: ‘Não foi Hillary que venceu anteontem, foi McCain’. Ora, a surpresa de terça-feira foi o regresso vitorioso de Hillary e não a anunciada confirmação de McCain como candidato republicano. Fernandes toma a ideologia por notícia. E, com irreprimível excitação, já prevê, aliás, que a ‘guerra fratricida entre os democratas que as vitórias de Clinton vão prolongar devolvem a McCain o sonho de chegar à Casa Branca’.
Percebe-se: McCain, homem de princípios e carácter, representa também a última oportunidade que resta aos republicanos, aos neoconservadores e a Bush para lavarem a face depois do desastre iraquiano e outros desastres que se foram seguindo. Apesar de ser o anti-Bush republicano por excelência, McCain é um cruzado indefectível da presença americana no Iraque. Nele reside, pois, a redenção possível.
Não ponho em causa o direito que assiste a José Manuel Fernandes de escrever o que escreve e defender as causas em que acredita. Tal como não questiono o seu direito e o da administração do Público de proceder à transformação do jornal em algo essencialmente diferente daquilo que foi nas suas origens já longínquas. São as regras do jogo: quem tem dinheiro e poder é que manda, como eu próprio me vi forçado a admitir quando a última administração do meu tempo – naturalmente mandatada pelo accionista – contratou uma equipa de assessores estrangeiros que se propunham impor ao Público a fórmula de um jornal regional escocês, entretanto falido. Demiti-me então civilizadamente em companhia de Jorge Wemans e, por sorte, o projecto escocês foi congelado. Mas, pelos vistos, as coisas mudaram muito a partir de então, desde que se aceitem as regras do jogo, ainda quando elas não são nada claras nem assumidas. Precisamente, o que questiono não é sequer que as coisas sejam o que são – embora lamente a crescente asfixia da liberdade de imprensa em Portugal, mas que se procure disfarçar, escamotear e contrabandear a sua realidade. Tal como não imagino que o New York Times se transforme no Wall Street Journal ou vice-versa – sendo ambos eles, diga-se, excelentes jornais, embora de orientação editorial antagónica –, não me parece normal que um jornal que foi uma coisa passe a ser outra insistindo em fingir que o não é – enquanto alguns que criaram o Público se conformam temerosamente com essa aparente fatalidade. Aquilo que hoje afecta – por vezes muito injustamente, reconheço – a credibilidade do Público tem a ver com a falta de transparência e o carácter errático da sua linha editorial. É uma opinião, mas, como se sabe, está longe de ser apenas a minha opinião.

terça-feira, março 11, 2008

Exímios vendedores



Não sei ao certo se Ribau Esteves existe ou não. Presumo que sim, tendo em conta que é (?) secretário-geral do PSD. No entanto, o maior partido da oposição enfrenta um dilema. Será que existe ou não enquanto tal?

Para o figurante da esquerda, parece que sim. Para alguns correlegionários de Menezes, parece que não.

Em que ficamos? Ficamos, para já, com a certeza que Ribau Esteves e Luís Filipe Menezes são dois dos mais exímios vendedores de banha-da-cobra que alguma vez ouvi...

sexta-feira, março 07, 2008

Já me esquecia

Bom fim-de-semana.
P'ra mim (nós) também!

Antevéspera do meu contentamento

Parece que a PSP anda a perguntar pelas escolas quantos serão os contestatários que amanhã vão em excursão até à capital. Independentemente do que possa pensar sobre os motivos da vilegiatura, entendo que a atitude da polícia merece uma nota de -5. É inadmissíssel tal intromissão num direito fundamental que é o da manifestação.
Por falar nisso, ontem, em Santo André, numa ETAR (?) houve mosquitos por cordas. Bandeiras negras, gritos "A luta continua!". Pensei, mas foi certamente engano meu, ter ouvido: "A luta continua, Soares para a rua!". Que querem? Nostalgias de tempos idos...

Parece que o ministro das Finanças acha que é tempo de acabar com o conceito "um emprego para a vida inteira", princípio que desde sempre caracterizou a Função Pública. É verdade que o Estado paga mal. Mas paga e atempadamente. Pelo menos os vencimentos. É verdade que há excesso de gente na Função Pública e que urge reduzir despesas. Mas a verdade é que a responsabilidade por essa situação não cabe aos que por lá "militam". É verdade que há serviços do Estado que funcionam exemplarmente. Outros nem por isso. Mas também é verdade que há "sítios" onde é melhor que nenhum cristão tente aceder. Por isso é de aplaudir que o Estado premeie os melhores e puna os racalcitrantes. Sim, porque há funcionários e funcionários. Os primeiros servem. Os outros, rua! Nem mais! Ora despedir um funcionário público tem que se lhe diga. O que não acontece no sector privado. Igualdade, maus caros! Igualdade!

Parece que o Zé está chateadíssimo com os (agora) ex-amigos da Opus Dei e prepara-se para processar tudo e todos no ex-BCP. Esqueceu-se o Zé que a especulação comporta riscos. Hoje ganha-se, perde-se amanhã. Mas o Zé não aceita isso. E o Estado continua a reverenciar tal personagem de uma ópera bufa...

Parece que um Horta e Costa, desta feita o ex-CTT, está a ser apertado pela PJ, pelas Finanças, enfim pela Justiça. Até que enfim. Pelo menos um deles. Raio de família... Está em todas. Devem ser geneticamente favorecidos.

É verdade, no meio diso tudo que hoje e agora estou contente. É que dois dos meus ódios de estimação estarão, finalmente, a trabalhar. Mário Nogueira da FNE já percebeu que a ministra da Educação só sai do Governo no fim da legislatura. E que pode contar de novo com ela, caso Sócrates vença da legislativas de 2009. O outro é Bettencourt Picanço. O nome condiz com a cara. O "douto" líder do outrora influentíssimo Sindicato dos Quadros Técnicos de Estado que se alguma vez trabalhou deve ter sido em meados do século passado, também já compreendeu que Teixeira dos Santos e demais equipa se estão a c.g.r para aquele figurante de filmes série B. De preferência a preto e branco.

E é verdade que estou contente porque, mais loguinho, me ponho a milhas dos professores e vou até mais a Norte...

quinta-feira, março 06, 2008

Bons ares (1) e um mistério

Anseio pelo próximo fim-de-semana.
Imaginam o que será passear ou simplesmente passar por uma rua, praça, praia ou outro local qualquer liberto de professores?
Parece que metade dos ditos, segundo a Fenprof serão 75 mil (*), vai até Lisboa em autocarros fretados.
Espero que, a exemplo das claques, sejam escoltados pela GNR e PSP.
Ora se metade dos professores, segundo a Fenprof, vai até à capital, pelos lados do Norte o ambiente ficará muito mais relaxado.

(*) Resta um mistério. Para a Fenprof, há 150 mil professores. Para o Ministério da Educação, há mais de 190 mil... Por onde andam os restantes? Na clandestinidade?

(1)Um excelente vinho do Douro

quarta-feira, março 05, 2008

Paradoxo

Só mesmo JMF se lembraria de imitar HM e convidar JPP para a dirigir edição de hoje do PÚBLICO.
Não há muito, HM "convidou" o patrão, Pinto Balsemão, para o substituir. Fez bem. Ganhou mais alguns centímetros no diâmetro do ventre e assegurou mais algum tempo à frente do maior semanário português. À boleia do "patrão", também por lá passou o actual presidente do BPI que conheci como editor de Economia.
JMF teve outra ideia. "Convidou" um comentador político que odeia jornalistas para dirigir a edição. Fez bem. Espero que, antecipadamente, tenha entregue a sua carta de demissão na Marmeleira...

sábado, março 01, 2008

"Por aqui isto está difícil!"

Há uma semana que tento obter uma informação junto da Caixa de Previdência e Abono de Família dos Jornalistas.
Sempre via telefone, já que a instituição, formalmente extinta no ano passado, pura e simplesmente ignora a existência de mensagens via correio electrónico. Que são entregues e lidas, de acordo com os relatórios que recebo.
Por telefone a conversa é sempre a mesma. Ora o colega não está ou, se está, está em reunião. O que vai dar ao mesmo.
Sintomaticamente, a(s) intrerlocutora(s) concluem a conversa com a seguinte frase: "Sabe, por aqui isto está difícil!"
Ora tendo em conta que por aqui, e não só, isto também está difícil, não haverá ninguém que ponha ordem naquele pardieiro da Avenida de Berna e coloque aquela pandilha na bolsa de excedentários ou na reforma?
Se, na segunda-feira, "o colega continuar ausente ou em reunião", garanto que vou à Segurança Social queixar-me disto tudo. Pelo menos, estes, respondem aos e-mails enviados...
PS: É por estas e por outras que os funcionários públicos têm a fama que têm...