terça-feira, fevereiro 19, 2008

Preguiça

Apenas por isso, limito-me a reproduzir dois pontos do artigo de MST no Expresso de sábado passado.
Para já, mais não digo.


Manuel Alegre deu uma entrevista ao «Diário de Notícias», antecedendo o seu encontro com representantes do "meu milhão de votos" e reproduzindo as críticas que vem fazendo ao seu PS. Discordei de tudo o que disse, de fio a pavio. O problema deste Governo PS, ao contrário do que ele diz, não é com os pobres, mas sim com os ricos. O problema não são os reformados, os velhos, as crianças sem escola, os sem rendimentos alguns, em relação aos quais este Governo tem feito mais do que qualquer outro: o problema são as "offshores" para os milionários que querem fugir ao Fisco, os negócios de favor com o Estado, os 'camaradas' do partido e afiliados colocados estrategicamente nos pontos principais de decisão e influência económica. O problema não são as reformas tentadas na Saúde, na Educação, na Segurança Social, que são exactamente aquilo que de melhor o Governo Sócrates tem feito, enfrentando todos os lóbis instalados no imobilismo, no despesismo e na inoperância: o problema são as reformas por fazer, na Justiça, na Administração Local, no Ordenamento do Território. O problema não são os "abandonados pelo Estado", mas sim aqueles, ricos e pobres, que só sabem viver por conta do Estado, gastando em benefício próprio os recursos que a parte saudável do país produz. Diz Manuel Alegre que é preciso descobrir "o que é hoje o socialismo". Está descoberto há cinquenta anos: chama-se social-democracia e existe nos países do norte da Europa, que são os mais prósperos e os mais justos de todo o mundo. O resto é desconversa.

As revelações das conversas entre o ex-ministro do Turismo, Telmo Correia, o administrador dos casinos de Stanley Ho, Mário Assis Ferreira, e o sempre presente intermediário Abel Pinheiro, negociando entre si a forma de o sr. Ho não apenas beneficiar de uma lei de excepção para poder abrir um casino em Lisboa mas ainda tornar-se dono do edifício do Estado onde ele funciona, são por demais eloquentes do ponto a que chegámos. Verdadeiramente notável e desavergonhada foi a fórmula jurídica congeminada para que o ministro pudesse decidir a favor da pretensão do casino, fingindo que não decidia: bastava-lhe escrever e assinar "tomei conhecimento" numa informação onde se propunha essa dádiva. "Tomei conhecimento"...
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