quarta-feira, abril 27, 2005

Assaltantes, Valentim, Rio e Isaltino

O que terão comum estes três personagens e o grupo de assaltantes do Vale do Sousa?
A Justiça, meus caros, a Justiça.
Os primeiros foram condenados, em primeira instância, a penas de prisão. Estão, por outro lado, indiciados noutro crime de homicídio, por casualidade, de um inspector da PJ. A acusação, relativa a este último caso, foi formulada a menos de 24 horas do termo do prazo legal.
Quanto aos assaltos propriamente ditos, o caso é, no mínimo, estranho. A sentença de primeira instância não transitou em julgado por força de vários recursos. Que, naturalmente, estão pendentes em tribunal superior. Onde, por norma, os processos jazem tempos infindáveis. Claro que, face à mediatização, a Procuradoria-Geral da República e o Conselho Superior da Magistratura já mandaram instaurar os respectivos inquéritos.
O que, em Português corrente, quer dizer: não façam nada, a culpa, a haver, é das leis que, como se sabe, não são feitas pela magistratura.

Valentim reassumiu plenas funções na Metro do Porto e na Liga de Clubes. Depois do triste espectáculo dado pela PJ e pelo MP, com arguidos detidos e depois libertados, horas e horas de directos televisivos, considero que o major, por quem não nutro simpatia alguma, tem toda a razão. Ao fim de um ano de trabalho incansável, os investigadores e o MP apenas conseguiram deixar cair no domínio público o resultado de centenas de horas de escutas telefónicas, de duvidosa legalidade, que "implicavam" Pinto da Costa na contratação de prostitutas destinadas a alguns árbitros.

Rio queixa-se da lentidão da Justiça. Apenas porque, a partir de agora, já não será o chefe indirecto da Metro do Porto e terá de aturar Valentim.

Isaltino, por seu turno, está chateadíssimo. Porque o novo líder do PSD, Marques Mendes, não apoia o seu regresso a Oeiras. Até agora, ainda não ouvi o ex-ministro lamentar a lentidão da Justiça que, recorde-se, demorou mais de um ano a dar andamento ao (seu) processo, mais conhecido pelo "governante com um sobrinho taxista multimilionário residente na Suiça".

Somos, mesmo, todos vítimas da Justiça, cujos agentes, por seu lado, são vítimas da política.
Estamos em Portugal. Um país de vítimas...