Défice e corrupção

Esclarecimento prévio: não sou especialista em matéria de finanças do Estado, não me auto-intitulo como tal nem as cadeias televisivas me convidam a falar deste ou de outro tema qualquer...
...E ainda bem. Porque, tendo escutado, esta madrugada na RTP-N, as perguntas, os comentários, as risadas e observado os gestos e toda a encenação da "doutora" Fátima (será Campos Ferreira? Matos Lima? Rocha?) sou levado a crer que sou natural e habito (para infelicidade minha e de outros que tais) um país do "faz-de-conta".
Adiante. (Não haverá vergonha na estação pública?)
Tratemos do défice.
Tudo indica que sou possuidor de dotes mediúnicos. Aqui, ao que julgo, mas poderá ter sido noutro local (tortoedireito?) previ que o défice das contas públicas para este ano seria superior a 6%. As contas não eram difíceis de fazer. Bastava verificar os pressupostos que presidiram à elaboração do OE para 2005. Petróleo a 30 dólares e um crescimento da zona euro estimado em 2,4%. (Ainda hoje, meus caros, estou para saber que mal teremos feito ao dr. Sampaio para ele ter insistido nesta repugnante novela orçamental...)
Hoje, aqui e agora, suspeito que o défice para este ano não andará muito longe dos 6,5%. E, para espanto meu, os grandes contribuintes para este descalabro são os hospitais sa (grande negócio do PSD), os calotes das seguradoras (já se sabia...), as fugas e fraudes ao fisco e segurança social e... as próprias despesas do Estado.
Retornemos ao défice. Pois, meus caros, convirá aqui dividir o assunto em duas fases. Pré e pós-Cavaco. Antes deste, havia défices e fortes. Só que não havia "euro" nem PEC.
Verdadeiramente, o pai do défice foi Cavaco Silva. Ao longo de oito anos, o PSD, não o PPD, revolucionou o país. Modernizou-o. O Estado investiu fortemente, gerou um clima de confiança, proporcionou subsídios à tripa-forra e criou um ambiente de optimismo.
Claro, a economia mundial também ajudou. Tudo corria de feição. Foi um Éden...
...Depois veio Guterres. Foi o que se viu. Com Pina Moura, as finanças públicas atingiram o zénite.
Veio Durão, Portas e Ferreira Leite. "Aqui d'el rei" - sou republicano, daí a minúscula - "valha-nos Deus, que herança!". Défice real apurado e reconhecido por Bruxelas: 4,2%. (Recordo que quando o PSD de Cavaco saiu do Governo, o défice rondava os 7%, segundo números do INE)
Veio a tanga de Durão e Ferreira Leite. Nunca assumida por Portas e Bagão.
Vem-se a saber que Ferreira Leite conteve, mas NÃO REDUZIU a despesa.
Com Santana, Portas e Bagão - sempre falaram verdade, não? - surgiu a bonança. Resultado?
Veja-se: as SCUTS passariam a ter portagens, mas tantas e tantas eram as isenções que ninguém, com excepção dos turistas, as pagariam; os orçamentos da Saúde e Segurança Social, fariam corar de vergonha um merceeiro; a Administração Intena, a Defesa e a Justiça - a presença de Celeste Cardona num cargo público, mesmo que na CGD, é um insulto aos contribuintes - não têm dinheiro para pagar as despesas correntes; a Cultura da dra. Bustorff da Fundação Espírito Santo (onde é que já ouvi este nome?) é um nojo e a Educação daquela senhora que "dispensava ir ao Parlamento" é o que se sabe: há dez mil professores em casa a receber ordenado por inteiro e não têm alunos? Não faz mal, nós pagamos...
Que se saiba, o PSD esteve neste governo. Era o herniático santana primeiro-ministro? Era o dr. Portas e o CDS o número 2?
Não tem mal, nós pagamos. E aproveitamos para esquecer que Marques Mendes e Ribeiro e Castro nada têm a ver com o assunto.
PS: Bagão continua a ler a biografia de Ratzinger; Álvaro Barreto regressou à sua empresa, que aliás favoreceu; Telmo Correia tirou o "cavalinho da chuva" e faz de conta que não assinou despacho algum; Nobre Guedes continua a meter nojo; Fernando Negrão é candidato autárquico; Portas tentou vender uma fundação a Rumsfeld e vai para os EUA enquanto "chula" o ordenado no Parlamento; Santana vai dar aulas (onde?em que discoteca?) nos intervalos da advocacia (nem a contestação a uma coima deve saber tratar) e vai cuidar de negócios internacionais (aposta: BPN? BCP ou BPN?)
Os restantes, colam-se a Cavaco...
...E assim vai o défice.
Não tem mal algum, nós pagamos.
Parece que o Abel Pinheiro do Autódromo de dona Pires da Silva não paga nada a ninguém. Claro, com os amigos que tem...