Obrigado, dr. Santana Lopes
Acabo de saber que sou um, entre um milhão e oitocentos mil portugueses, a quem Santana Lopes escreveu. Sendo bem-educado, e ao contrário do que faço com os quilos de publicidade não desejada que diariamente colocam na caixa do correio, não deitei fora o envelope e li o texto. Ao qual passo a responder:
Fique V. Exa. com a certeza que não fiz, nem farei, o mesmo que o Presidente da República. O dr. Sampaio deu-lhe o benefício da dúvida. Como se não o conhecesse. Pela minha parte, teria poupado o País e os Portugueses ao ridículo generalizado, a três meses de insanidade permanente e de uma estrondosa incapacidade política e pessoal para funções que V. Exa. se sentia ser capaz de desempenhar. É assim com todos. Eu, por exemplo, seria incapaz de desempenhar funções que exijam alguma capacidade de desenho. Conheço as minhas limitações. V. Exa., possivelmente por razões que um psiquiatra poderá estudar e diagnosticar, acha-se capaz de governar o mundo.
V. Exa. perdoar-me-á a franqueza, mas abomino o tratamento por você. Será adequado aos frequentadores das revistas cor-de-rosa, mas por aqui, não.
V. Exa. acha que eu não costumo votar. Enganou-se redondamente. Voto sempre. Dá-me um prazer especial votar. Imagine que até costumo votar nas assembleias do condomínio…
V. Exa., dr. Santana Lopes, esclarece-me que “só com o meu voto será possível prosseguir as políticas que favorecem os que menos ganham e que exigem mais dos que mais têm e mais recebem”. Mesmo sendo verdade, o que até hoje não constatei, estou tão farto de si e de quase todos os outros, que o meu único objectivo é pô-lo com dono.
V. Exa. continua a vitimizar-se. Continuo sem saber o motivo. Razões psiquiátricas?
“Tenho defeitos como todos os seres humanos, mas conhece algum político em Portugal que eles tratem tão mal como a mim?”
Esclareça-me: quem são os “eles”? E os seus defeitos? Quais são? Até hoje continuo sem saber o que, em sua opinião, correu menos bem nestes seus tempos de governação?
“Também o tratam mal a si. Já somos vários”
Se me tratam mal, é comigo. Não faço queixinhas nem lhe encomendei, a si, a minha defesa. Aliás, vistas bem as coisas, V. Exa. é o principal responsável pelos recentes distúrbios gástricos que me assolam. E como, ao contrário do que V. Exa. vem dizendo, faço parte do enorme grupo dos que não têm médico de família e integro, também, o grupo dos inactivos, graças às possibilidades abertas pelo pacote laboral do seu governo, já sei que não tem nada a ver com o período de Durão Barroso, mas V. Exa. herdou a cadeira do poder. Manda a ética – que V. Exa. ignora – que, em caso de herança, se assumam proveitos e dívidas. Sobretudo, graças aos militantes que o seu partido foi colocando em tudo quanto é sítio…
Finalmente, esclareço V. Exa. que no próximo domingo irei votar. Não preciso que me agradeça, até porque não me custará nada. Mas agradeço o pedido. Até porque, o meu voto servirá, estou certo, para o empurrar borda fora. Pode ser que assim V. Exa. fique mais liberto para as ciclópicas tarefas que o aguardam na Câmara de Lisboa, cargo cujas mordomias são muito superiores às de simples deputado.
Depois, se continuar a sentir-se sistematicamente mal tratado, vilipendiado mesmo, consulte um psiquiatra – se tiver médico de família, melhor – e, em último caso, convoque os jornalistas para lhes anunciar o abandono da vida política. Pode, mesmo, depois queixar-se ao Presidente da República.
Obrigado pelo pedido e pelo incómodo que teve em escrever-me…
Fique V. Exa. com a certeza que não fiz, nem farei, o mesmo que o Presidente da República. O dr. Sampaio deu-lhe o benefício da dúvida. Como se não o conhecesse. Pela minha parte, teria poupado o País e os Portugueses ao ridículo generalizado, a três meses de insanidade permanente e de uma estrondosa incapacidade política e pessoal para funções que V. Exa. se sentia ser capaz de desempenhar. É assim com todos. Eu, por exemplo, seria incapaz de desempenhar funções que exijam alguma capacidade de desenho. Conheço as minhas limitações. V. Exa., possivelmente por razões que um psiquiatra poderá estudar e diagnosticar, acha-se capaz de governar o mundo.
V. Exa. perdoar-me-á a franqueza, mas abomino o tratamento por você. Será adequado aos frequentadores das revistas cor-de-rosa, mas por aqui, não.
V. Exa. acha que eu não costumo votar. Enganou-se redondamente. Voto sempre. Dá-me um prazer especial votar. Imagine que até costumo votar nas assembleias do condomínio…
V. Exa., dr. Santana Lopes, esclarece-me que “só com o meu voto será possível prosseguir as políticas que favorecem os que menos ganham e que exigem mais dos que mais têm e mais recebem”. Mesmo sendo verdade, o que até hoje não constatei, estou tão farto de si e de quase todos os outros, que o meu único objectivo é pô-lo com dono.
V. Exa. continua a vitimizar-se. Continuo sem saber o motivo. Razões psiquiátricas?
“Tenho defeitos como todos os seres humanos, mas conhece algum político em Portugal que eles tratem tão mal como a mim?”
Esclareça-me: quem são os “eles”? E os seus defeitos? Quais são? Até hoje continuo sem saber o que, em sua opinião, correu menos bem nestes seus tempos de governação?
“Também o tratam mal a si. Já somos vários”
Se me tratam mal, é comigo. Não faço queixinhas nem lhe encomendei, a si, a minha defesa. Aliás, vistas bem as coisas, V. Exa. é o principal responsável pelos recentes distúrbios gástricos que me assolam. E como, ao contrário do que V. Exa. vem dizendo, faço parte do enorme grupo dos que não têm médico de família e integro, também, o grupo dos inactivos, graças às possibilidades abertas pelo pacote laboral do seu governo, já sei que não tem nada a ver com o período de Durão Barroso, mas V. Exa. herdou a cadeira do poder. Manda a ética – que V. Exa. ignora – que, em caso de herança, se assumam proveitos e dívidas. Sobretudo, graças aos militantes que o seu partido foi colocando em tudo quanto é sítio…
Finalmente, esclareço V. Exa. que no próximo domingo irei votar. Não preciso que me agradeça, até porque não me custará nada. Mas agradeço o pedido. Até porque, o meu voto servirá, estou certo, para o empurrar borda fora. Pode ser que assim V. Exa. fique mais liberto para as ciclópicas tarefas que o aguardam na Câmara de Lisboa, cargo cujas mordomias são muito superiores às de simples deputado.
Depois, se continuar a sentir-se sistematicamente mal tratado, vilipendiado mesmo, consulte um psiquiatra – se tiver médico de família, melhor – e, em último caso, convoque os jornalistas para lhes anunciar o abandono da vida política. Pode, mesmo, depois queixar-se ao Presidente da República.
Obrigado pelo pedido e pelo incómodo que teve em escrever-me…
1 Comments:
Gostava de saber escrever assim!
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