quinta-feira, março 03, 2005

Saldanha, a corrupção, os hipócritas e os empresários

Admito, desde já, que o professor possa ter sido excessivo. Apenas na generalização, mas não certamente no conteúdo.
Saldanha Sanches, provavelmente melhor especialista e docente que comunicador – televisivo ou escrito -, decidiu abrir a boca e dizer que há corrupção da administração autárquica. Olh’à novidade! Ainda não há muito, o mesmo personagem – é-me simpático, devo dizê-lo -, dizia que na administração fiscal se passavam coisas estranhas. Olh’à novidade! Favores, cunhas, envelopes, garrafas de whisky, congressos médicos, passa-me o carro nesta inspecção que eu pago-te o jantar e ainda te levo, depois, ao Pérola ou ao Champagne, desculpem lá, estes rapazes onde vivem?
Meus caros, desculpem-me o cinismo. Neste mundo, cá, terreno e em Portugal - só posso falar de outro país nos longínquos anos de setenta, outro continente e noutro hemisfério - tudo se arranja. É uma questão de oportunidade, habilidade, momento e saber escolher o alvo.
Já agora: alguém se lembrou de saber como está o processo das cobranças fiscais cedidas ao Citigroup, uma invenção da agora tão desejada, no PSD, a ex-ministra Manuela Ferreira Leite?
Muito se fala de fugas e fraudes fiscais. Lamento, mas tanto uma como outra fazem parte da nossa cultura. Que, consabidamente, é adquirida pela prática e pelos exemplos vistos e por todos conhecidos.
Os hospitais sa fogem aos impostos. Aliás, parece que a questão do IVA ainda está em aberto.
Mas que dizer de alguns ditos “grandes empresários” que, vindos do nada, e com a cumplicidade (comprada) de tantos a tantos quadros intermédios da administração pública, de carreira e de nomeação política, continuam a passear-se por aí de Lamborghini, Mercedes e Volvo em completa impunidade…
Como?
É fácil. A “contabilidade” criativa de todo o conglomerado de empresas é feita por elementos das finanças onde está colectado. Que estão comprados. Portanto?
E quando surgem problemas, é fácil. Liga-se ao advogado, assessor do grupo parlamentar da maioria e tudo se resolve. É uma questão de cifrões.
Pois como admitir que ano após ano, o dito empresário apresente nas finanças e na segurança social recibos de elementos de um grupo profissional alegadamente qualificado, declarando salários inferiores ao mínimo nacional?
Poupem-me à hipocrisia os autarcas. Ou não saberão estes que nenhuma das alegadas vistorias camarárias se faz sem o devido pagamento?...
Ontem, por um acaso, jantei com um empresário deste tipo. Que me contou uma história. Passada com ele num dos concelhos limítrofes do Porto.
Amanhã conto. Sem nomes.
O do Lamborghini amarelo - carro que nunca vi, mas do qual obtive relatos -, esse não me escapa…

1 Comments:

Blogger G. said...

Afinal não contaste! Conta, conta, conta...

4/3/05 12:30  

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