segunda-feira, março 07, 2005

Os monovolumes e o (nosso) Estado

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Esclareço desde já que:
Em circunstâncias algumas comprarei um veículo dito monovolume.
Porque:
Não tenho oito filhos. E, se os tivesse, significaria que teria dinheiro para adquirir duas carrinhas que seriam guiadas pelos dois elementos do casal.
Assim sendo por que razão sou agora obrigado a suportar um acréscimo nas portagens das auto-estradas, como forma de compensar as concessionárias pelo prejuízo causado por Santana e seus pares?
Vamos ao que interessa: entre Dezembro de 2004 e Janeiro de 2005, a Porsche vendeu perto de meia centena de “Cayenne”, uma coisinha cujo valor mínimo ronda os 28 mil contos. Nas portagens, estes veículos são taxados como classe 1. A mesma plataforma, mas na VW, apelidada de Touareg, já é classe 2. (O Estado no seu melhor…)
Durão e Santana entenderam fazer um favor à Auto-Europa. Que fabrica os monovolumes mais vendidos em Portugal: o Sharan da VW e o Galaxy da Ford que, aliás, julgo já ter abandonado o projecto.
Logo de início, soube-se que seriam veículos classe 2. O mesmo se passa com todos os jipes e afins.
Qualquer um destes tipos de veículos, foram ou são moda. Asseguro que apenas uma reduzida percentagem de proprietários os adquiriu por necessidade profissional e/ou familiar. Porque, a ser assim, as versões mais vendidas não teriam estofos de couro, GPS, e outros extras que tais.
Aliás, verifiquem os monovolumes que enxameiam a cidade e verifiquem se algum deles apresenta vestígios de crianças no interior. Não senhor. Os estofos estão imaculados, as alcatifas e os revestimentos não ostentam qualquer indício de traquinice.
O Governo fez, portanto, um favor à nossa custa. Mais: conseguiu publicar a legislação sem a ter regulamentado.
O resultado está à vista. Todos pagamos mais nas portagens. Os monovolumes pagam o mesmo - não houve qualquer redução – e quem lucra com isto são as concessionárias.
Repito: a que propósito serei obrigado a comparticipar em modas alheias?
Não possuo nenhum monovolume. Não tenho oito filhos. E os tivesse, arcava com os respectivos encargos financeiros. Não ia pedir nenhuma ajuda ao vizinho.
A isto chamo eu subsidiar coercivamente vícios alheios...