Verdades e ambições de JPP/ABRUPTO
José Pacheco Pereira gostaria de ter sido muitas coisas na vida. Já foi algumas. Entre a extrema-esquerda maoísta à direita liberal do (segundo) governo de Cavaco (um contra-senso, já que se trata de um social-democrata) JPP foi membro do Clube da Esquerda Liberal, apoiante de Mário Soares à Presidência da República, deputado e líder parlamentar do PSD. Foi para Estrasburgo e de lá regressou, “chutado” pelo seu próprio partido. Ignorou Fernando Nogueira, idolatrou e venerou Cavaco Silva (fechou a boca mesmo quando os ministros demonstravam a maior das incompetências), passou ao lado de Durão Barroso (que elogiou enquanto MNE) e decidiu – perdido por cem, perdido por mil – em Santana.
Acha-se sob um estatuto muito próprio e ao abrigo de toda a suspeita.
Aceita galardões públicos vindo de gente pouco recomendável. Pactua com tudo, ou quase tudo, que lhe proporcione notoriedade.
É verdade que JPP parece ser coerente. Mas não é.
Como acima disse, JPP gostaria de ter sido muitas coisas na vida. Já foi algumas. Falta-lhe, porém, uma: JPP quer ser director de um jornal. Para isso já mexeu mundos e fundos. Não correram bem, as manobras. Teve azar. Mas a vontade, indómita, ainda lá anda pela Marmeleira.
JPP gostaria de ter sido jornalista. Mas, salvo raras excepções, a profissão paga mal. Salvo, naturalmente, no universo PT e noutros tachos inventados pelo seu próprio partido. Por isso, ciclicamente, JPP decide zurzir os jornalistas.
Em muitos casos terá razão. Mas a generalização é não só abusiva como idiota.
Vejamos:
2005-03-11 in ABRUPTO
«Vai ser interessante ver como o governo do PS vai organizar a sua “central de comunicação” e tentar alargar o seu espaço de tranquilidade na comunicação social. Alguns preliminares já são visíveis para quem esteja atento aos sinais. A ofensiva contra os comentadores políticos que lhes podem ser hostis ou criar problemas já está em curso, só que não é feita da forma grosseira como o governo Santana a fez, mas sim mais sofisticada, baseada em critérios “jornalísticos” ou “institucionais”. Já se nota poder novo no ar...»
Não recordo uma única palavra de JPP contra a central de comunicação gizada por Durão e Santana. Não me lembro de uma única palavra crítica de JPP sobre a entrada do delgado na PT nem sobre a novela da direcção do DN ou sobre o caso Marcelo/Gomes da Silva/Morais Sarmento. Nem uma linha sobre a saída de Rodrigues dos Santos da Direcção de Informação da RTP. Aliás, vistas bem as coisas, só lembro elogios ao último e ao penúltimo…
2005-03-19 in ABRUPTO
«A facilidade com que o “pack journalism” funciona só pode surpreender os incautos. A rapidez com que se tiram conclusões de fundo de meia dúzia de sinais ainda incipientes e pouco testados é notável. É o caso da ideia de que o “comportamento de Sócrates é comparável ao de Cavaco Silva” (presente no Expresso da Meia Noite da SIC Notícias, no Público de hoje e em meia dúzia de comentários avulsos sobre a gestão do silêncio). É um estilo? Talvez seja e se o for é positivo. No entanto, tanto louvor só pode vir da diferença com o passado imediato e não de uma qualquer memória sólida que permita tirar conclusões para além de ontem. Entre ontem e hoje, estou de acordo, a diferença é significativa. Mas quanto a anteontem? Acaso já se está esquecido de que o mesmo louvor se passou com outros governos como o de Guterres e Barroso e, pasme-se, com o de Santana. Se não tivéssemos uma memória pública que nem um mês mantém presente na cabeça, lembraríamos que a formação do governo de Santana foi elogiada também por não ter sido feita na praça pública…»
JPP padece de um mal. Tudo ou quem possa discordar da sua douta opinião, ou é de esquerda ou social, intelectual e ideologicamente menosprezado. Esquece JPP que quem lhe paga o ordenado, não despiciendo – espero que os proventos do PÚBLICO, SIC e reformazinha do PE sejam declarados ao fisco -, são precisamente os leitores e a Imprensa. Exactamente os agentes que JPP vota ao desprezo. Apesar do seu alegado liberalismo intelectual, JPP não perdeu, nem perderá, todos os tiques bebidos a Leste e no Oriente. Só falta saber se na Albânia.
Last, but not the least
2005-03-20 in PÚBLICO
«Eu já ando nisto há muito tempo para perceber os sinais. Mal ou bem, o meu blogue foi uma fonte de citações constantes contra Santana Lopes. Nada que eu não tivesse previsto e não desejasse, porque, em política, espera-se que aquilo que se diz tenha consequências e influência. Sabia igualmente que uma parte dessa atenção vinha do critério jornalístico que considera mais interessante o que diz uma voz vinda do mesmo lado do que a de um adversário que critica por obrigação. É um efeito comunicacional perverso, mas que não permite nenhuma inocência, nem de quem cita, mas, acima de tudo, de quem sabe que vai ser citado por esse efeito. Há aqui duas maldições inevitáveis: uma é que a cizânia vende mais; outra é que se sabe do que a casa gasta e o jornalismo é, em Portugal, uma das profissões mais politizadas que existem, dominantemente à esquerda do espectro político».
Que idiotice!A arrogância intelectual balofa é abjecta. Vinda de quem ambicionou e pretendeu dirigir jornais, é algo inqualificável. Estou já a ver o que seria a Imprensa “livre” sob a tutela de JPP.
«O Abrupto foi por isso um "sucesso" nas críticas a Santana Lopes, embora o seu autor sempre soubesse que tal derivava mais da conjuntura comunicacional e não se iria repetir quando viessem os socialistas. Se houvesse qualquer ingenuidade sobre um mínimo reconhecimento de mérito nas críticas, que tivesse a ver com a sua substância e não com a coreografia dos momentos e das duplicidades de escolhas, oh pavorosa ilusão!, tê-la-ia perdido logo a seguir. Continuemos com a história exemplar das vaidades e ilusões, para a qual alego já o meu total conflito de interesses».
Poupem-nos a mais esta manifestação de inteligência!
«Vai ser interessante ver como o governo do PS vai organizar a sua "central de comunicação" e tentar alargar o seu espaço de tranquilidade na comunicação social. Alguns preliminares já são visíveis para quem esteja atento aos sinais. (…) Como esperava, confesso, os mesmos órgãos de informação que citavam religiosamente o Abrupto e que, nalguns casos, o reproduziam quase integralmente na sua parte política, esqueceram-se de o ler nesse dia, e não devem ter lido esta meia dúzia de palavras, certamente erradas e excessivas».
É mesmo uma maçada. Os jornalistas não acharam interessante citar a produção ideológica do dia.
«Quando escrevi estes "sinais" tive em conta dois motivos próximos, premonitórios, reforçados pela escolha de Santos Silva, um partidário do intervencionismo estatal, para responsável socialista do sector. Um é a ofensiva contra Marcelo Rebelo de Sousa, não contra aquilo que ele diz, porque ainda disse pouco, mas pelo próprio facto de ele ter um espaço privilegiado na televisão pública. É verdade que o lugar ideal para um espaço como aquele é numa televisão privada (... ) Seja como for, ele está lá, numa afirmação de independência da direcção editorial da RTP, e tudo o que hoje for feito para lhe retirar ou condicionar a sua "coluna" televisiva não pode ser entendido de outra maneira do que como uma sanção política».
Salvo na Marmeleira, acho que ninguém ouviu nada sobre um possível afastamento de Marinho ou Marcelo da RTP.
PS: O que eu gostava, mesmo, era ouvir JPP contar o que fez, até hoje, que cordelinhos mexeu, que “cunhas” meteu, para ascender à Direcção do DN. E, já agora, que tivesse a ombridade de reconhecer que, pelo menos algumas vezes, os processos de intenção com que, frequentemente, mimoseia a Imprensa – que lhe completa a reforma -, são motivados por simples inveja e um irreprimível desejo de a dominar…
…mesmo que em nome de uma verdade absoluta e de uma perfeição democrática que subsiste, apenas, na sua mente.
Acha-se sob um estatuto muito próprio e ao abrigo de toda a suspeita.
Aceita galardões públicos vindo de gente pouco recomendável. Pactua com tudo, ou quase tudo, que lhe proporcione notoriedade.
É verdade que JPP parece ser coerente. Mas não é.
Como acima disse, JPP gostaria de ter sido muitas coisas na vida. Já foi algumas. Falta-lhe, porém, uma: JPP quer ser director de um jornal. Para isso já mexeu mundos e fundos. Não correram bem, as manobras. Teve azar. Mas a vontade, indómita, ainda lá anda pela Marmeleira.
JPP gostaria de ter sido jornalista. Mas, salvo raras excepções, a profissão paga mal. Salvo, naturalmente, no universo PT e noutros tachos inventados pelo seu próprio partido. Por isso, ciclicamente, JPP decide zurzir os jornalistas.
Em muitos casos terá razão. Mas a generalização é não só abusiva como idiota.
Vejamos:
2005-03-11 in ABRUPTO
«Vai ser interessante ver como o governo do PS vai organizar a sua “central de comunicação” e tentar alargar o seu espaço de tranquilidade na comunicação social. Alguns preliminares já são visíveis para quem esteja atento aos sinais. A ofensiva contra os comentadores políticos que lhes podem ser hostis ou criar problemas já está em curso, só que não é feita da forma grosseira como o governo Santana a fez, mas sim mais sofisticada, baseada em critérios “jornalísticos” ou “institucionais”. Já se nota poder novo no ar...»
Não recordo uma única palavra de JPP contra a central de comunicação gizada por Durão e Santana. Não me lembro de uma única palavra crítica de JPP sobre a entrada do delgado na PT nem sobre a novela da direcção do DN ou sobre o caso Marcelo/Gomes da Silva/Morais Sarmento. Nem uma linha sobre a saída de Rodrigues dos Santos da Direcção de Informação da RTP. Aliás, vistas bem as coisas, só lembro elogios ao último e ao penúltimo…
2005-03-19 in ABRUPTO
«A facilidade com que o “pack journalism” funciona só pode surpreender os incautos. A rapidez com que se tiram conclusões de fundo de meia dúzia de sinais ainda incipientes e pouco testados é notável. É o caso da ideia de que o “comportamento de Sócrates é comparável ao de Cavaco Silva” (presente no Expresso da Meia Noite da SIC Notícias, no Público de hoje e em meia dúzia de comentários avulsos sobre a gestão do silêncio). É um estilo? Talvez seja e se o for é positivo. No entanto, tanto louvor só pode vir da diferença com o passado imediato e não de uma qualquer memória sólida que permita tirar conclusões para além de ontem. Entre ontem e hoje, estou de acordo, a diferença é significativa. Mas quanto a anteontem? Acaso já se está esquecido de que o mesmo louvor se passou com outros governos como o de Guterres e Barroso e, pasme-se, com o de Santana. Se não tivéssemos uma memória pública que nem um mês mantém presente na cabeça, lembraríamos que a formação do governo de Santana foi elogiada também por não ter sido feita na praça pública…»
JPP padece de um mal. Tudo ou quem possa discordar da sua douta opinião, ou é de esquerda ou social, intelectual e ideologicamente menosprezado. Esquece JPP que quem lhe paga o ordenado, não despiciendo – espero que os proventos do PÚBLICO, SIC e reformazinha do PE sejam declarados ao fisco -, são precisamente os leitores e a Imprensa. Exactamente os agentes que JPP vota ao desprezo. Apesar do seu alegado liberalismo intelectual, JPP não perdeu, nem perderá, todos os tiques bebidos a Leste e no Oriente. Só falta saber se na Albânia.
Last, but not the least
2005-03-20 in PÚBLICO
«Eu já ando nisto há muito tempo para perceber os sinais. Mal ou bem, o meu blogue foi uma fonte de citações constantes contra Santana Lopes. Nada que eu não tivesse previsto e não desejasse, porque, em política, espera-se que aquilo que se diz tenha consequências e influência. Sabia igualmente que uma parte dessa atenção vinha do critério jornalístico que considera mais interessante o que diz uma voz vinda do mesmo lado do que a de um adversário que critica por obrigação. É um efeito comunicacional perverso, mas que não permite nenhuma inocência, nem de quem cita, mas, acima de tudo, de quem sabe que vai ser citado por esse efeito. Há aqui duas maldições inevitáveis: uma é que a cizânia vende mais; outra é que se sabe do que a casa gasta e o jornalismo é, em Portugal, uma das profissões mais politizadas que existem, dominantemente à esquerda do espectro político».
Que idiotice!A arrogância intelectual balofa é abjecta. Vinda de quem ambicionou e pretendeu dirigir jornais, é algo inqualificável. Estou já a ver o que seria a Imprensa “livre” sob a tutela de JPP.
«O Abrupto foi por isso um "sucesso" nas críticas a Santana Lopes, embora o seu autor sempre soubesse que tal derivava mais da conjuntura comunicacional e não se iria repetir quando viessem os socialistas. Se houvesse qualquer ingenuidade sobre um mínimo reconhecimento de mérito nas críticas, que tivesse a ver com a sua substância e não com a coreografia dos momentos e das duplicidades de escolhas, oh pavorosa ilusão!, tê-la-ia perdido logo a seguir. Continuemos com a história exemplar das vaidades e ilusões, para a qual alego já o meu total conflito de interesses».
Poupem-nos a mais esta manifestação de inteligência!
«Vai ser interessante ver como o governo do PS vai organizar a sua "central de comunicação" e tentar alargar o seu espaço de tranquilidade na comunicação social. Alguns preliminares já são visíveis para quem esteja atento aos sinais. (…) Como esperava, confesso, os mesmos órgãos de informação que citavam religiosamente o Abrupto e que, nalguns casos, o reproduziam quase integralmente na sua parte política, esqueceram-se de o ler nesse dia, e não devem ter lido esta meia dúzia de palavras, certamente erradas e excessivas».
É mesmo uma maçada. Os jornalistas não acharam interessante citar a produção ideológica do dia.
«Quando escrevi estes "sinais" tive em conta dois motivos próximos, premonitórios, reforçados pela escolha de Santos Silva, um partidário do intervencionismo estatal, para responsável socialista do sector. Um é a ofensiva contra Marcelo Rebelo de Sousa, não contra aquilo que ele diz, porque ainda disse pouco, mas pelo próprio facto de ele ter um espaço privilegiado na televisão pública. É verdade que o lugar ideal para um espaço como aquele é numa televisão privada (... ) Seja como for, ele está lá, numa afirmação de independência da direcção editorial da RTP, e tudo o que hoje for feito para lhe retirar ou condicionar a sua "coluna" televisiva não pode ser entendido de outra maneira do que como uma sanção política».
Salvo na Marmeleira, acho que ninguém ouviu nada sobre um possível afastamento de Marinho ou Marcelo da RTP.
PS: O que eu gostava, mesmo, era ouvir JPP contar o que fez, até hoje, que cordelinhos mexeu, que “cunhas” meteu, para ascender à Direcção do DN. E, já agora, que tivesse a ombridade de reconhecer que, pelo menos algumas vezes, os processos de intenção com que, frequentemente, mimoseia a Imprensa – que lhe completa a reforma -, são motivados por simples inveja e um irreprimível desejo de a dominar…
…mesmo que em nome de uma verdade absoluta e de uma perfeição democrática que subsiste, apenas, na sua mente.
3 Comments:
JPP poderia ter sido um comentador "interessante". Mas necessita urgentemente de uns anos sabáticos na Marmeleira. Cá voltarei para contar algumas histórias sobre este comentador.
Estranho a ausência de mais comentários sobre JPP. Também fiz parte do CEL, embora o L não tenha sido facilmente aceite. Lembras-te?
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